sábado, 3 de setembro de 2011

Horas Mortas - Alberto de Oliveira




Breve momento, após comprido dia
de incómodos, de penas, de cansaço,
‘inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
posso a ti me entregar, doce Poesia!

Desta janela aberta à luz tardia
do luar em cheio a clarear o espaço,
vejo-te vir, ouço-te o leve passo
na transparência azul da noite fria.

Chegas. O ósculo teu me vivifica.
Mas é tão tarde! Rápido flutuas,
tornando logo à etérea imensidade;

e, na mesa a que me escrevo, apenas fica,
sobre o papel – rastro das asas tuas -
um verso, um pensamento, uma saudade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário