terça-feira, 6 de novembro de 2012

Macário - Álvares de Azevedo



MACÁRIO - Duvido sempre. Descreio às vezes. Parece-me que este mundo é um logro. O amor, a glória, a virgindade, tudo é uma ilusão.

O DESCONHECIDO - Tens razão: a virgindade é uma ilusão! Qual é mais virgem, aquela que é deflorada dormindo, ou a freira que, ardente de lágrimas e desejos, se revolve no seu catre, rompendo com as mãos sua roupa de morte, lendo algum romance impuro?

MACÁRIO - Tens razão: a virgindade da alma pode existir numa prostituta e não existir numa virgem de corpo. - Há flores sem perfume, e perfume sem flores. Mas eu não sou como os outros. Acho que uma taça vazia pouco vale, mas não beberia o melhor dos vinhos numa xícara de barro.

O DESCONHECIDO - E contudo bebes o amor nos braços de argila da mulher corrupta!

MACÁRIO - O amor? Que te disse que era o amor? É uma fome impura que se sacia. O corpo faminto é como o conde Ugolino na sua torre - morderia até num cadáver.

O DESCONHECIDO - Tua comparação é exata. A meretriz é um cadáver



sábado, 25 de agosto de 2012

Construção - Chico Buarque





Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague

Mariposa Tecnicolor - Fito Páez



Vi sus caras de resignación
los vi felices llenos de dolor
ellas cocinaban el arroz
se levantaba sus principios
de sutil emperador


Todo al fin se sucedió
sólo que el tiempo no los esperó
la melancolia de morir en este mundo
y de vivir sin una estúpida razón

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Nothing Else Matters - Metallica



So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Carta A Una Extranjera Imaginria - Mamani Macedo




Recojo estas palabras del silencio que me abrigan,
en tu ausencia ; hoy cuando camino
por los laberintos que habitan las ciudades.
¿Dónde estarás tú, extranjera, hoy cuando te escribo ?

¡Cómo no imaginarte, lejana y dulce ;
apasionada y triste, por las orillas de este río !
Allá estarás tú, en el extremo de la tierra,
esperando la voz, ésta que te busca entre las gentes.

No son sólo los mares los que dan reflejo
a tus cansado ojos, son también,
los espejismos que cubren los desiertos.
Siento que los vientos australes me alargan tu mira.

En tu mansa cabellera se pierde mi silencio,
hoy cuando llueve inquietudes en mi pecho,
hoy que llevo mi cara de triste caminante ;
mas por allá va una estrella buscando su destino.

Tan lejos están tus pasos de los míos,
tan lejos tu mirada de la mía,
tan fundida va la sombra en la sombra ;
pero los corazones, envueltos de esperanzas, borran inmensidades.